A biografia de Lula será
escrita nos tribunais. O julgamento histórico de seus oito anos no
poder estará estampado numa série de inquéritos penais. Ele permanecerá
na memória nacional através do testemunho daqueles que rapinaram em seu
nome. Júlio César foi retratado por Plutarco. Lorenzo de Medici foi
retratado por Maquiavel. Frederico II foi retratado por Thomas Carlyle.
Lula? Lula será eternamente recordado pelos depoimentos de Roberto
Jefferson, Hélio Malheiro e Lúcio Bolonha Funaro (…)
No futuro, quando alguém
quiser relatar os fatos deste período, terá de recorrer necessariamente
aos processos judiciais, que detalharam o modo lulista de se organizar,
de se acumpliciar, de se infiltrar e de fazer negócios. Está tudo lá:
dos adesivos da campanha eleitoral de 2002, pagos com o dinheiro dos
mutuários da Bancoop, às propinas dos parlamentares mensaleiros, pagas
com o dinheiro do Banco Rural. As tramas, os nomes dos personagens e as
mentiras repetem-se continuamente.
Alguns dos processos
contra os lulistas podem desandar. Alguns dos réus podem ser
inocentados. Mas um depoimento como o de Lúcio Bolonha Funaro assombrará
para sempre a memória de Lula, como o fantasma do pai de Hamlet, que
vem do purgatório para delatar seu assassino, o rei Cláudio.
A coluna era intitulada “A
história em inquéritos”. Curiosamente, até os nomes são os mesmos. Lula
será preso pelo triplex roubado dos mutuários da Bancoop. E Sergio Moro
será recordado como o nosso Plutarco.
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