Os coitados roubados por Paulo Bernardo tiveram pena antecipada
Por Mario Sabino
O Jornal Nacional mostrou
que aumentou dramaticamente o número de aposentados inadimplentes. O
motivo é que eles se acharam obrigados a arcar com as necessidades e os
desejos dos seus filhos desempregados e netos sem perspectiva.
Necessidades e desejos que resultaram em calotes, dada a exiguidade do
que recebem por mês.
A crise na Europa já havia
mostrado face semelhante -- a de velhos que são obrigados a sustentar
jovens adultos, numa inversão do que se presumia ser a direção natural
das famílias. No Brasil, o problema adquire contornos ainda mais
urgentes, porque as redes de proteção sociais são escassas, quando não
completamente inexistentes.
Ao deparar com a notícia de
que a prisão preventiva de Paulo Bernardo foi revogada por Dias Toffoli,
voltei a pensar na reportagem do Jornal Nacional. A totalidade dos
aposentados em dificuldades caiu no conto do crédito consignado. Ou
seja, têm até um terço da sua renda descontado em folha pelo banco que
lhes emprestou dinheiro. Com o que sobra, contraíram mais dívidas com
financeiras -- e, agora, estão sem crédito nenhum.
Segundo a Justiça de São
Paulo, Paulo Bernardo chefiava uma organização criminosa que roubou 100
milhões de reais de funcionários públicos e aposentados que viram no
consignado a miragem de melhorar o padrão de vida de si próprios e dos
que os rodeiam. Era um roubo de formiguinha: pouco mais de um real por
mês de cada devedor, pago a título de taxa de administração para uma
empresa que repassava a "mais-valia" de cada real a Paulo Bernardo, PT e
o resto daquela gente que só queria acabar com a fome no mundo.
Apesar de tamanha
perversidade, Paulo Bernardo está solto. Na visão de Dias Toffoli, ele
não pode sofrer “antecipação de pena”. Mas os coitados que foram
enganados pelos arquitetos do consignado, os coitados que foram roubados
pelo ex-ministro et caterva, como os aposentados inadimplentes do
Jornal Nacional, estes tiveram as suas penas antecipadas pelo serviço de
proteção ao crédito. Para eles, o STF não existe.
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