O povo nas urnas gritou em alto e bom som: FORA PT!
O Partido foi humilhado nas urnas. Dizimado politicamente. Transformado
em pó pelas mãos de quem deve ter sempre a última palavra sobre os
desígnios da Nação: o povo. O discurso loroteiro de golpe com o qual
tentava iludir os incautos sucumbiu, enterrado por generosas doses de
votos na expressão máxima da democracia. Aonde o voto impera não há
espaço para alegações de golpe, de conluio das elites ou o que valha.
Pura bobagem que a vontade do eleitor, patrão dos políticos, tratou de
demolir conscientemente. O PT ouviu um sonoro não de cidadãos das mais
variadas matizes sociais e regiões do País. Uma derrota fragorosa,
eloquente e sem precedentes. Talvez tenha percebido, finalmente, e se
convencido – como é aconselhável – que o brasileiro cumpridor de deveres
e pagador de impostos repudia suas práticas corruptas e criminosas. Não
aceita mais o palavreado fácil, sem compromisso com a ética, que busca o
poder a qualquer preço. Tem verdadeira repulsa a promessas falsas,
populistas, de melhorias que não encontram respaldo na realidade. E
aplaude a punição exemplar de bandidos. Ao tomar o Estado por mais de 13
anos, aliado principalmente a grupos radicais para assaltar os cofres
do Tesouro, o PT migrou da esfera política à policial, levando junto
dirigentes que acabaram por virar réus, presos e condenados. Inclusive
seu líder máximo, o ex-presidente Lula, instaurador do compadrio na
máquina estatal, dos balcões de propina e da promíscua relação de troca
de vantagens com grupos empresariais que recebiam contratos
superfaturados e entregavam de volta gordas comissões para os cofres do
Partido. O PT encheu as burras de dinheiro via caixa dois e, de quebra,
enriqueceu vários de seus representantes – Lula entre eles – enquanto
quebrou o País. 12 milhões de desempregados e seus familiares, num
contingente que se estima chegar a inacreditáveis 50 milhões de pessoas
sem renda, transformaram-se nas maiores vítimas desse descalabro. Com
certeza elas não iriam avalizar a turma que empreendeu essa marcha de
insensatez. Como herança o PT legou um déficit de R$ 170 bilhões nas
contas públicas, uma dívida interna de quase R$ 4 trilhões, companhias
quebradas, recessão e desordem administrativa generalizada. Um desastre
rotundo. A tal ponto que a militância da sigla hoje só encontra ecos
remotos e respaldo nos grupos que se locupletaram com o sistema (MST,
CUT e quetais) e na república sindicalista acostumada a receber
subvenções para prestar vassalagem à causa petista. O PT tem que se
reinventar. Sair atrás de um novo discurso, novas bandeiras. Recomeçar
do zero. Do contrário enfrentará a sina da extinção inevitável. Lula,
que caminha a passos largos para a cadeia, ainda insistia por esses dias
em negar a realidade. Vangloriava-se durante a votação de comandar “o
partido mais popular do Brasil”. Ledo engano. Os números desmentem a
bravata e são devastadores. O PT desabou no ranking, de terceira maior
legenda para uma desconcertante décima colocação. Está menor que o DEM,
antes apontado como em decadência, e conta com menos da metade das
prefeituras do recém-criado PSD. No rastro da derrocada, perdeu mais de
23 milhões de votos em nível municipal, quase 400 prefeituras de 2012
para cá e foi praticamente varrido das capitais brasileiras, restando
apenas uma: Rio Branco, no Acre. O antigo cinturão vermelho do interior
paulista foi perdido para os opositores e, no tradicional reduto de
Osasco, o PT não elegeu sequer um único vereador. O massacre se estendeu
por São Bernardo do Campo, Santo André, Mauá e Guarulhos. Lula não
conseguiu emplacar nem mesmo o enteado como vereador. Nas campanhas em
que ele se engajou os candidatos derreteram. O mesmo acontecendo com a
presidente deposta, Dilma Rousseff, que ajudou a afundar as pretensões
de sua escolhida, Jandira Feghali, no Rio de Janeiro. Como bem apontou o
histórico quadro da agremiação, o ex-governador petista, Olívio Dutra,
“O PT tem de levar lambada forte mesmo” depois de tudo o que fez. No
topo dos vexames, o até aqui prefeito paulistano, Fernando Haddad,
encarou uma acachapante surra do tucano, estreante na disputa, João
Doria, eleito no primeiro turno ao próximo mandato. Algo que nunca
aconteceu desde a instituição do mecanismo de dois turnos. Haddad fez
menos de 17% dos votos, no pior desempenho petista em São Paulo em mais
de 30 anos. A ruína do Partido foi consagrada nas urnas e a melhor saída
começaria por um pedido de desculpas pelos erros.
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