Gigantes do Brasil


 

 
Era uma vez 4 empreendedores em um país propenso a crises. Gigantes que mudaram a história do Brasil.
 
O primeiro quebrou uma vez, o segundo quebrou várias vezes. O terceiro era amigo do Governo e o quarto, este sim, nos ensina como navegar as águas turbulentas de nossa pátria amada.
 
Ele construiu fortuna que perdura com seus herdeiros até os dias de hoje. Fortuna blindada contra a passagem do tempo.
 
Em meados de 1900, o Brasil era bem diferente. Mas os bons negócios, aqueles extremamente rentáveis e resistentes a crises, permanecem com as mesmas características.
 

Vem de onde menos se espera

 
Aprender constantemente é a única forma de crescermos como pessoas e entender um pouco melhor o mundo. Mesmo que ele seja, ao final, incompreensível.
 
No último fim de semana, me deparei com uma nova série do History Channel: Gigantes do Brasil.
 
É a história dos primeiros grandes empreendedores do Brasil na virada do século 19 e no começo do 20.
 
Devorei os 4 capítulos. Torço para que o History faça muitos novos episódios.
 
Sinceramente, não os conhecia todos.
 
Mas mais importante que a história pessoal, é a história de suas escolhas enquanto investidores. Suas decisões de alocação de capital e como enfrentavam os riscos intrínsecos aos negócios que geriam.
 
Os paralelos com os dias de hoje são enormes.
 
 

As revoluções são a locomotiva da história

 
Percival Farquhar (1864-1953) era americano e trouxe consigo o capital estrangeiro. No Brasil, explorou diversos empreendimentos, muitos ferroviários.
 
Farquhar foi o maior investidor privado do Brasil entre 1905 e 1918.
 
Farquhar possuía acesso a montanhas de capital e sonhava grande, muito grande.
 
Farquhar tinha tudo na mão, mas ignorou os riscos. Investindo em obras faraônicas, seus negócios não resistiam as crises.
 
Apesar de seu poder de fogo, Farquar acabou arruinado. Suas empresas entraram em concordata em outubro de 1914. Seus financiadores perderam todo o capital investido.
 
Investir em infraestrutura demanda cautela e enorme cuidado com a alavancagem. Os altos investimentos necessários para esses empreendimentos demandam bastante planejamento, para que o capital não acabe antes do término da obra.
 
Todos que construíram suas casas próprias entenderão esse problema...
 
 

Se queremos progredir,
não devemos repetir a história

 
Giuseppe Martinelli (1870-1946) começou como açougueiro.
 
Durante a Primeira Guerra Mundial, quando o comércio com a Europa pelo Atlântico se tornou perigosíssimo, Martinelli resolveu arriscar.
 
Ele investiu em barcos e apostou tudo. Fez fortuna como comerciante.
 
Uma vez capitalizado, cometeu o mesmo erro de Farcquar. Seus sonhos falaram mais alto. A vontade de deixar seu marco causou sua ruína.
 
Martinelli investiu em uma obra faraônica e, como Farquhar, não resistiu à crise.
 
A construção do imponente Edifício Martinelli chamava atenção não só pelo tamanho, mas também por todo o luxo e charme que o envolvia.
 
Com a crise da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, o comendador Martinelli foi obrigado a abandonar seu prédio e seu sonho.

Escrever a história é um modo
de nos livrarmos do passado

 
Guilherme Guinle (1882-1960) foi um empresário com estilo bastante conhecido por nós até os dias de hoje.
 
A família Guinle tinha a concessão da Companhia Docas de Santos, concedida pela Princesa Isabel, em 1888. Esse negócio rendeu uma fortuna estimada em R$ 40 bilhões para a família carioca.
 
A família sempre fora próxima do poder. Durante o Estado Novo, Guilherme Guinle ocupou cargos no Governo, sendo nomeado presidente da estatal CSN quando da criação da companhia, em 1940.
 
Guinle era, obviamente, contrário à participação de capital estrangeiro no país. A presença dos estrangeiros traz competição.
 
Guinle, hoje em dia, seria certamente adepto da bolsa empresário e de um grande e bondoso BNDES.
 

Só mudaram a história aqueles que mudaram o pensamento dos homens a respeito de si mesmos

 
Francesco Matarazzo (1854-1937) morreu como o homem mais rico do Brasil.
 
E seus herdeiros continuam por aí, mesmo que menos ricos que outrora.
 
Matarazzo começou pobre como Martinelli mas acabou mais rico que os Guinle. Como é possível?
 
Escolhendo muito bem os negócios em que gostaria de participar, assim como os riscos que gostaria de correr, Matarazzo acumulou e multiplicou sua fortuna com o passar dos anos.
 
Matarazzo sabia, mesmo sem ter estudado, como alocar seu capital de maneira a obter altas rentabilidades sem correr os riscos que poderiam arruiná-lo.
 
Começando como mascate, Matarazzo acumulou capital para montar uma mercearia.
 
Comprando e vendendo produtos e depois importando bens, estava em posição privilegiada para analisar as necessidades de seus clientes.
 
Com um passo depois do outro, Matarazzo foi elevando a complexidade de seus negócios. Aprendendo e analisando novas oportunidades. Alocando cada vez mais capital que vinha de seus negócios.
 
Esse conhecimento lhe permitiu mudar o foco de pequeno comerciante para importador, e então industrial.
 
Matarazzo foi o criador do maior complexo industrial da América Latina em seu tempo.
 
Ele simplesmente começou a substituição de importações no Brasil. O capital e o conhecimento acumulados do comércio garantiram que ele fizesse investimentos em setores ainda mais rentáveis.
 

A história se repete

 
O mundo atual não é assim tão diferente do início do século passado.
 
Capital bem alocado em negócios rentáveis e com riscos bastante controlados pode se transformar em fortunas com o passar do tempo.
 
Em um país complexo e propenso a crises, quando sabemos analisar os riscos e aproveitar as oportunidades, podemos multiplicar nosso patrimônio.
 
É exatamente o que fazemos na série Melhores Ações da Bolsa ao selecionar negócios ótimos a preços do século XIX.
 
Começando pequeno e fácil, vamos aumentando a complexidade e a rentabilidade com o passar dos anos.
 
Funcionou para o Matarazzo em meados de 1900 e pode funcionar hoje também para você.
 
Um abraço,
Bruce Barbosa
 
 

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